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#1 Sobre vampiras sáficas e o prazer de contar mentiras
(e um pouco sobre o luto)
Era uma vez uma escritora com muitos começos. A escritora sou eu. E aqui estamos, diante de mais um começo.
Este começo também é uma continuação, porque o Luisaleituras já existia antes como um canal literário no YouTube. Muitas questões me fizeram abandonar o canal, mas ainda há coisas que eu gostaria de compartilhar com quem se interessa por:
Livros (principalmente romantasias queer);
Relatos sobre a escrita (não é a minha intenção compartilhas dicas, mas sim algumas experiências);
Cartas de tarô (não que elas sirvam, assim, pra prever o futuro, mas estou prevendo que falarei muito disso);
Informações e detalhes sobre meus futuros lançamentos, incluindo acesso antecipado a sinopses, capas e ilustrações.
Esta primeira letter é, como não poderia deixar de ser, sobre VAMPIRAS, então vamos lá!
Sobre vampiras sáficas e o prazer de contar mentiras
Quando escrevi Noturnas e natalinas — minha noveleta com vampiras, romance sáfico e um concurso de decoração natalina —, o que mais queria era mergulhar no melodrama de narrativas de vampiros e me deliciar com tudo o que é brega, sombrio e divertidíssimo nessas histórias. Como às vezes acontece quando nos propomos a escrever algo, acabei atingindo meu limite e saturando de tudo relacionado a vampirismo. Publiquei o livro e passei a fugir de histórias de vampiros como o diabo foge da cruz, o que incluía fugir até da minha história.
Foi só em maio deste ano, quando decidi melhorar a diagramação do livro, que ousei reler um trecho de N&N e me deparei com esta pérola:
Na hora eu pensei “Luisa, sua mentirosa!”.
Tudo bem que isso não é sobre mim. Para a Geraldina, é uma verdade que o amor acaba e que a vida é eterna. E não duvido que muitas pessoas tenham se identificado com esse trecho justamente por terem vivido o fim de um amor e terem aprendido a seguir em frente depois dele. Mas não deixa de ser engraçado ler essa frase justamente nesse livro.
Veja bem, eu me tornei viúva aos vinte e cinco anos de idade. A vida do meu marido? Acabou, né. O amor? Continua aqui.
Uma das maneiras que encontrei de atravessar o luto foi editar e publicar uma história de vampiros que, pasmem, não era sobre luto. Foi porque essa história conversava tão pouco com o que eu estava vivendo e sentindo que ela viu a luz do dia (e a escuridão da noite ;D).
Sempre dou um sorrisinho quando vejo alguém supondo que um livro personifica ou representa uma verdade do escritor e que com certeza o escritor acredita e defende o que está ali dentro. Enquanto isso, sou uma escritora que ama mentir. É tão gostoso mentir para os personagens e para os leitores quanto para mim mesma. Às vezes nem é sobre mentir, exatamente, mas sobre contar a verdade ao avesso.
E vampiros facilitam tanto esse trabalho.
Se você está levando vampiros a sério, bom pra você, eu acho, porém é algo que nunca consegui fazer.
Seja Carmilla com seu caixão de sangue, ou Louis reclamando sem parar, ou os poemas de Baudelaire, ou aquele monte de vampiro que lutou na Guerra de Secessão, ou os Cullen sendo uma família tradicional do pior tipo (de tantas coisas melhores para ser), a graça dos vampiros é que eles se levam tão a sério que, por educação, finjo levar também. Só que fico sempre com aquele riso anasalado pronto pra emergir e, por isso, quando escrevo vampiros é com uma dose deboche.
No meu entendimento, a mitologia dos vampiros é fundamentada em uma grande mentira: a de que é possível controlar e até parar a maior força incontrolável entre nós, que é a morte. E daí uma vez que a gente já está mentindo sobre isso, fica bem mais tranquilo mentir sobre todo o resto.
Outra mentira boba que vampiros contam: a de que só porque você é imortal, não pode morrer. Tão inocente. Tão ignorante. Como se a gente não vivesse morrendo.
Eis algo em que acredito profundamente: a morte não é sobre dizer não, porque é impossível dizer não a ela. Não é sobre controle, é sobre entrega.
Digo isso como uma pessoa que já morreu. Digo para você, que já morreu também. A gente sabe como se morre.
Quando Joaquim, meu marido, faleceu, eu pensava muito isso. Em meio à dor, à descrença e a um vazio que fez com que eu me sentisse não como uma pessoa, mas como um oceano inteiro, eu pensava “tá, mas eu também morri, sei como se morre, e sei que depois de morrer a gente continua”.
E talvez você ache isso bobo, mas o amor é a parte da gente que continua. Quem morre não é o amor, somos nós.
Porém, admito, uma parte do trecho que citei é sim algo em que acredito. É simples, mas as coisas merecem ser vividas até que acabem. É só que às vezes a gente se confunde entre quais dessas coisas são eternas e quais são as que de fato chegam ao fim.
Vampiros não são eternos coisa nenhuma.
Mas eles sempre voltam.
Olha Noturnas e Natalinas, por exemplo, voltando acessível para mais gente agora que está no Prime e também com uma nova diagramação.
Notícias, notícias:
Noturnas e natalinas entrou para a lista do Prime Reading, então agora todo mundo que tem conta Prime na Amazon pode ler de graça. Isso vale pelos próximos seis meses, depois desse tempo ainda não sei como as coisas ficarão, então não espere o Natal chegar para conferir a história da Geraldina e da Luce.
Lancei meu primeiro livro erótico, um harém reverso de banda com protagonistas bissexuais, com o pseudônimo Meissa Martinez. O título é Como (não) destruir uma banda e é uma grande farofa com bi panic e um toque de amor por Floripa.
Por último, agora minha agenda para preparação e revisão está aberta. Quero muito trabalhar com mais livros de autores independentes, então indique para alguém que está precisando ou fale comigo pelo e-mail [email protected]
Vem aí…
A próxima edição desta newsletter sai ainda este mês e nela você terá acesso antecipado ao título, à capa e à sinopse do meu novo lançamento, que está previsto para 08/08. Também vou revelar a arte do livro que será impressa em cards que os compradores receberão de brinde. Além disso, estou animada para conversar sobre as minhas inspirações para essa história e sobre o arcano da Torre no tarô.
Abraço e te vejo no futuro!
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