#6: Retrospectiva literária de 2023

(finalmente posso falar um pouco das minhas leituras)

Nas cores verde e rosa, lê-se "Luisaleituras" com uma vassoura de bruxa embaixo e alguns brilhinhos ao redor

Esta newsletter estava muito mais Luisaescrituras do que Luisaleituras, né? Acho que está mais do que na hora de eu falar dos livros que andei lendo este ano, até porque esqueci de postar sobre muitos deles e são histórias que me marcaram bastante.

Vou dividir essa retrospectiva literária nas seguintes categorias:

  • Livros sáficos;

  • Livros nacionais;

  • Monster romances;

  • Livros de não-ficção;

  • As piores leituras;

  • Livros favoritos;

  • Um apanhado geral das leituras.

Em 2023, li 49 livros, a maioria em e-book e em audiobook.

Também abandonei vários. Tipo, muitos mesmo. Já fui uma pessoa que lia livros de que não estava curtindo até o fim “só pra falar mal com propriedade”, porém NÃO MAIS. Minha lista de leituras é longa e o tempo é curto. Se eu termino de ler um livro, no geral é porque gostei muito.

Para essa retrospectiva (e também para o ano que vem), resolvi abrir mão da avaliação em estrelas das leituras. Seria muito redundante ficar falando só de livros de quatro ou cinco estrelas, que são os que leio até o fim. Em vez disso, vou me limitar a falar brevemente sobre os que mais me marcaram, e os motivos para isso.

Livros sáficos

Foram 25 livros sáficos lidos este ano — 13 deles livros nacionais que vou deixar para a próxima lista e focar nos internacionais aqui. Eu estou desaprendendo a ler livros com personagens hétero e não me sinto nem um pouco culpada por isso. Por ordem de leitura, eis os 12 livro sáficos e internacionais que li este ano:

Quadro com a capa de todos os livros citados abaixo
  1. O Priorado da Laranjeira: A Maga - Samantha Shannon

  2. Legends & Lattes - Travis Baldree

  3. The Jasmine Throne (O Trono de Jasmin) - releitura - Tasha Suri

  4. The Oleander Sword (The Burning Kingdoms, #2)

  5. Don’t Stop Me - Eden Emory

  6. 6 Times We Almost Kissed (and One Time We Did) [Seis vezes em que a gente quase ficou (e uma em que rolou)] - Tess Sharpe

  7. You Don't Have a Shot - Racquel Marie

  8. We Are Okay - Nina LaCour

  9. Yerba Buena - Nina LaCour

  10. Cleat Cute - Meryl Wilsner

  11. She Gets the Girl (Ela fica com a garota) - Rachael Lippincott e Alyson Derrick

  12. Home Field Advantage - Dahlia Adler

Este ano, completei três livros lidos da Nina LaCour e ela se tornou uma das minhas autoras favoritas. Eu amo a escrita dela, o ar levemente assombrado das histórias e toda a melancolia que atravessa cada livro.

Também li o meu primeiro dark romance sáfico, que foi Don’t Stop Me e amei! Para vocês terem ideia, a protagonista se relaciona com a mãe do ex-namorado por uma noite, e depois descobre quem ela é quando está numa situação de fake dating com o ex justamente porque ele queria apresentar alguém para a mãe.

You Don’t Have A Shot, Cleat Cute e Home Field Advantage foram livros de romance envolvendo futebol (no caso desse terceiro, futebol americano), e eu fiquei tão feliz em ter contato com essas histórias. Já faz anos que eu buscava mais histórias desse tipo e, a cada uma que é publicada, sinto que venci quase uma Copa do Mundo.

Também tive meu primeiro contato com as autoras favoritas de muita gente, que são Rachael Lippincott e Alyson Derrick e amei! She Gets The Girl é um romance fofinho que, apesar de não ter nada uau, foi a melhor companhia para quando eu estava fazendo pulseirinhas para o show da Taylor Swift. Já quero ler todos os outros livros das autoras.

Quanto aos outros livros dessa lista, vou deixar para falar mais deles daqui a pouco.

Livros nacionais

De livros nacionais, já falei que muitos são sáficos né? Deixei todos eles primeiro na lista, para ficar mais fácil de separar. Os outros cinco, a partir do número 14, são muito diferentes entre si, mas leituras que amei e de escritores que fiquei encantada em conhecer.

Quadro com as capas dos livros citados
  1. Sobre Namoradas e Lobos - Marina Feijó

  2. Heartstaker - Victoria Mendes

  3. As Vantagens de Ser Você - Ray Tavares

  4. Como Arruinar Seu Dia de Folga - Denise Flaibam

  5. Como Arruinar Sua Reputação de Vilã - Denise Flaibam

  6. Luzes do Norte - Giulianna Domingues

  7. Isso não é um conto de fadas - I. K. Prado

  8. Beleza Monstruosa - Adrielli Almeida

  9. Alguém que te faz sorrir - Bianca da Silva

  10. Vigilantes e o Multiverso do Caos - Denise Flaibam

  11. Amor Entre Linhas - Mary Dionisio

  12. Colegas de Quarto - Marina Basso

  13. A namorada do meu primo - Bia Crespo

  14. O Canto Mais Profundo - Carol Façanha

  15. Mariposas ao redor do sol - Koral Reis

  16. Uma noite inesquecível - Adrielli Almeida

  17. Corte do Sangue - Thais Lopes

  18. Tudo o que nós temos - Dayane Borges

Não faz muito tempo que eu fiz um tweet recomendando que escritores leiam outros autores nacionais, sejam eles do seu nicho ou não, seus amigos ou não. É muito importante a gente conhecer o meio em que estamos inseridos, além de ter contato com a escrita das pessoas com quem interagimos na internet e fora dela. Este ano, uma das minhas prioridades era fazer justamente isso, e fico muito feliz em dizer que conheci tantos livros e autores novos. Foi minha primeira vez lendo livros de todos essas pessoas (exceto a Thais Lopes, porque já tinha lido e amado outro livro dela antes).

Também fico toda orgulhosa de saber que fiz parte do processo de publicação de dois desses livros, como preparadora de texto: Tudo o que nós temos e Colegas de Quarto. São duas histórias muito diferentes entre si, mas que amei desde o primeiro contato. Tudo o que nós temos é jovem adulto que fala sobre questões raciais na adolescência, sobre família e amizade, e me deixou muito emocionada em vários momentos. Já Colegas de Quarto é um romance também jovem adulto e sáfico entre duas meninas num internato, uma história slice of life que traz risadas e conforto.

Tenho muito carinho por essas histórias e queria falar de cada uma individualmente, mas é inviável. Só sei que cada uma fez valer a pena a leitura — confiem em mim nessa, eu não falaria sobre esses livros se não tivesse amado de verdade, porque minha política com livros nacionais é: se não gostei, não falo sobre (descobri, aliás, que é uma atitude polêmica).

Monster romances

Não faz muito tempo que descobri os monster romances e fiquei viciada nessas histórias. Há algumas divergências quanto ao que cada pessoa considera um monster romance (romance com monstro, em português) e também quanto ao que pode ser considerado um monstro.

Para mim, os monster romances são livros necessariamente eróticos (ou seja, eles têm cenas explícitas de sexo, nem que seja apenas uma) em que a história gira em torno do casal principal (ou trisal, relacionamento poli, o que for), e eles precisam ficar juntos no final (é isso o que entendemos como o final feliz obrigatório dos romances). Esses livros no geral são publicações independentes. E, quanto ao que eu considero um monstro, acredito que aqui entra qualquer ser não-humano (mas muitas vezes com características humanas) que tenha um aspecto assustador e gere estranhamento.

Para mim, Crepúsculo, por exemplo, não é um monster romance porque ele é Jovem Adulto (YA), não tendo esse elemento erótico, apesar de o vampiro ser um monstro (um dos mais básicos, mas ainda assim um monstro). O monster romance não é necessariamente todo romance com monstro, existem algumas convenções específicas do gênero que os leitores mais habituados já reconhecem.

Esses foram os meus lidos em 2023:

  1. A Soul to Keep - Opal Reyne

  2. Monster’s Temptation - C. R. Jane e Mila Young

  3. That Time I Got Drunk and Saved a Demon - Kimberly Lemming

  4. Morning Glory Milking Farm - C. M. Nascosta

  5. The Dragon's Bride - Katee Robert

  6. Corte do Sangue - Thais Lopes

De todos, os meus favoritos são Morning Glory Milking Farm e Corte do Sangue.

Acho que muitos leitores nem pensariam em Corte do Sangue como um monster romance, mas eu considero porque a forma como os vampiros são percebidos pelos humanos nesse universo é sim como monstros. Eu adoro esse mundo que a Thais criou e mal posso esperar para ler os outros da série. Inclusive, acho que Corte do Sangue é ótimo para quem está começando a ler monster romances e quer colocar só o pezinho na água.

Morning Glory Milking Farm é bem mais ousado, eu diria. É o romance de uma humana com um minotauro, e muitos leitores não curtem porque o minotauro é bem touro mesmo. Esse livro e outros com monstros que têm características mais fortes de animais na aparência até levantam a polêmica de zoofilia entre alguns leitores, o que eu acho ridículo por razões que não vou explicar aqui porque senão esta newsletter se estenderia demais. Mas fica o aviso de que é um livro que, apesar do romance fofo, tem sim um interesse amoroso bem menos humano do que muita gente gostaria de ler.

A Soul to Keep também tem um interesse mais monstro do que humano, e talvez seja aquele com a aparência mais “assustadora”. Eu adorei essa história, o único defeito é que ela é longa demais. Tentei ler o segundo da série e já não curti tanto assim, principalmente por causa da protagonista, mas o primeiro considero uma leitura obrigatória para os fãs de monster romance. Pena que só tem em inglês, seria ótimo se alguma editora tentasse trazer esses livros para o Brasil.

The Dragon’s Bride é muito curto, mas acho que desenvolve bem o romance e apresenta a fundação para os próximos de uma ótima maneira, considerando as poucas páginas. Uma coisa que eu amo nos livros da Katee Robert é que ela sempre traz personagens LGBT+, e inclusive vai publicar um monster romance sáfico nesse universo. Mas eu nem sempre gosto dos casais dela (o segundo dessa série não consegui terminar, por exemplo), e o bom é que cada livro pode ser lido de maneira independente.

O importante é que é tudo pura diversão e ficção. Diferente dos livros na próxima lista…

Livros de não-ficção

Não sou muito de ler não-ficção, quando o faço é geralmente para ler livros de teoria literária, pedagogia, escrita criativa ou outro enfoque teórico. No entanto, quando me arrisco a pegar algo que saia dessa bolha, costumo dar muita sorte. Este ano não foi diferente. Com um livro sobre viver criativamente e duas biografias, eu fui tão feliz, e esses três entraram para os meus favoritos do ano todo. São eles:

  1. Big Magic: Creative Living Beyond Fear (A Grande Magia) - Elizabeth Gilbert

  2. Pageboy - Elliot Page

  3. The Woman in Me - Britney Spears

Já falei um pouco sobre Big Magic aqui, e não sei direito como explicar o quanto esse livro significou para mim. Ele mudou a forma como eu vejo o meu trabalho com a escrita (não foi uma mudança radical, foi sutil e delicada, e fez toda a diferença). Não quero dar a entender que ele é um livro genial ou totalmente impactante, mas acho que para determinadas pessoas ele pode ser até um pouco mágico. Foi para mim. Enquanto ouvia o audiobook narrado pela própria autora, eu me sentia em uma conversa com uma amiga e ela me falava, através das suas histórias e experiências, tudo o que eu precisava ouvir.

Quanto às duas biografias, Pageboy e The Woman in Me, são livros totalmente diferentes entre si, porque são sobre as vidas de pessoas muito diferentes. Mas o engraçado é que as críticas que li sobre os dois são parecidas, muita gente esperava saber mais. Só que o Elliot Page e a Britney Spears são pessoas ainda vivas que estão escolhendo o que querem compartilhar, estão selecionando o que faz sentido dentro de uma narrativa que eles decidem construir. É óbvio que não vai ter tudo. Eu amei conhecer o que os dois quiseram contar e adorei a forma como até a escrita de cada um desses livros se adequou ao que me parece ser a personalidade dos autores.

De formas diferentes e por motivos diferentes, esses três livros me emocionaram a ponto de me fazer sorrir enquanto eu chorava.

As piores leituras

Como eu mencionei no início, não sou de ter leituras ruins. Não tenho tempo, nem paciência para insistir nisso. Mas esses livros, por um motivo ou outro, me fizeram chegar até o final (exceto por Kulti, que abandonei em 80%, mas considero lido porque foram muitas páginas, ok?).

Vou dizer meus motivos para não ter gostado desses livros, mas lembrando que é tudo muito pessoal e não estou julgando o gosto literário de ninguém. Meus piores lidos do ano, em ordem aleatória, são:

  1. Monster's Temptation - C. R. Jane e Mila Young

  2. That Time I Got Drunk and Saved a Demon - Kimberly Lemming

  3. Chain of Thorns - Cassandra Clare

  4. Cleat Cute - Meryl Wilsner

  5. Kulti - Mariana Zapata

Até achei esse número de livros “ruins” muito alto. Eu tinha a impressão de ter menos livros de que não gostei, mas a verdade é que eu só tinha apagado da memória a leitura de alguns deles. Porém, como diria Céline Dion, it’s all coming back to me now.

Tanto Monster’s Temptation quanto That Time I Got Drunk and Saved a Demon foram leituras não-tão-ruins-assim-mas-ruins-sim que me mantiveram entretida por alguns segundos que, de alguma forma, faziam valer a pena o tempo muito maior em que eu ficava entediada. Em ambos os casos, eu gostei da premissa, mas não da execução. No caso de That Time I Got Drunk and Saved a Demon pelo menos a protagonista é carismática, a escrita é engraçadinha e o mundo tem uma diversidade que é mais parecida com a vida real.

Chain of Thorns eu só terminei porque era o último livro da série The Last Hours (As últimas horas, em português), mas mesmo assim foi preciso um esforço hercúleo pra vencer a leitura desse calhamaço que, na minha opinião, não passava de enrolação. Para quem já leu muitos livros da Cassandra Clare, como eu, fica claro que ela tende escrever versões de um mesmo livro quando chega o momento de finalizar as séries. Alguns são versões boas pelo menos, mas em Chain of Thorns ela desintegrou o enredo em tantos fios que, quando chegou o momento de dar nó, tudo pareceu mal feito. Talvez esse seja o meu último livro dela, mas já falei isso antes e sempre volto atrás, ai ai…

Cleat Cute foi outra decepção, talvez a maior do ano, porque tinha tudo para ser um favorito. Romance sáfico e adulto com jogadoras de futebol? Poxa, é a minha praia. Mas eu não deveria ter ido com tanta sede ao pote (até porque já tinha tido contato com a escrita da autora e não gostado muito). No fim, fiquei insatisfeita com as resoluções de todos os conflitos (sempre rápido demais, aliás) e não me conectei com as protagonistas, muito menos com o romance entre elas. Parecia que eram pessoas que não deveriam ficar juntas, sabe? E aí não tem como gostar de um romance em que o casal parece que precisa só terminar logo. Além disso, ambas as protagonistas são neurodivergentes, o que achei ótimo de início, mas a forma como isso foi abordado não foi das melhores, não.

E agora, meus amigos, eis a pior leitura do ano. Também de futebol, só que hétero. Tipo, muito hétero. Tão hétero que dá tontura. Kulti é sobre futebol feminino, mas não parece, e talvez isso seja porque a autora não sabe nada sobre futebol e talvez nem goste do esporte (hétero, hétero, hétero). Esse foi o livro que abandonei em 80% — pouco depois de um personagem sugerir para a protagonista que ela deveria jogar em um time internacional, assim poderia representar a seleção de outro país e não a dos EUA; mas graças a Deus antes da fatídica cena em que essa protagonista recebe dois cartões amarelos em um jogo e continua jogando!!! — e, nossa, 80% foi muita coisa.

Muita gente tem problemas com o fato de Kulti ser o slow burn dos slow burns. Não é o meu caso, porque eu gosto de sofrer por gente feita de letra e papel. Tudo bem que, quando parei de ler, o casal nem tinha se beijado, mas eu não ligava. Por mim eles podiam continuar sem se beijar o livro todo, aqueles chatos.

Meu problema mesmo foi com o quão família tradicional brasileira, #estamoscomjair, esse livro me pareceu. Ao tratar tanto de futebol feminino, mas não incluir nenhuma personagem lésbica, o livro já é lesbofóbico. E parecia que a autora até se esforçava para deixar claro que não há lésbicas na história. A palavra “lésbica” só aparece quando a protagonista reclama de quem supõe que ela é lésbica por jogar futebol, e em algum momento é mencionado o namorado ou marido de todas as outras jogadoras. Além disso, esse livro nem é tão velho assim para ter uma protagonista tão machistinha, que se acha uma santa na terra e cata qualquer motivo para criticar outras mulheres e não ser como as outras garotas. Long story short, it was a bad time. Mas sobrevivi, amém.

Vamos falar de coisa melhor?

Livros favoritos

Aqui eu vou cometer uma gentileza comigo mesma e não incluir livros nacionais, até porque muitos desses livros são de amigas minhas e sou muito suspeita para falar. Além disso, acho que os livros nacionais que terminei e mencionei aqui são uma categoria de favoritos por si só. Sério, leiam todos, são maravilhosos.

E isso também me ajuda a fazer uma lista de favoritos mais concisa. Quando a gente passa a priorizar livros bons, é muito difícil fazer rankings e selecionar favoritos. Talvez eu até me arrependa de deixar alguns de fora, mas eis o meu top 10 temporário:

  1. We Are Okay - Nina LaCour

  2. Big Magic - Elizabeth Gilbert

  3. You Don't Have a Shot - Racquel Marie

  4. The Oleander Sword - Tasha Suri

  5. The Woman in Me - Britney Spears

  6. Pageboy - Elliot Page

  7. Legends and Lattes - Travis Baldree

  8. Love, Theoretically - Ali Hazelwood

  9. O Priorado da Laranjeira: A Maga - Samantha Shannon

  10. 6 Times We Almost Kissed (and One Time We Did) - Tess Sharpe

Ano passado, li Watch Over Me, da Nina LaCour, e foi uma experiência muito particular, de um livro que, conforme eu lia, parecia bem mais… inofensivo, talvez? Mas ele ficou comigo e me assombra de uma maneira gentil, da mesma forma como os fantasmas dele assombram os personagens.

Este ano, li o mais famoso da autora, We Are Okay (lançado pela Plataforma 21 como Estamos bem) e tive uma experiência parecida. Amo a voz autoral da Nina LaCour, e mergulhar nas histórias dela tem uma sensação única. Esse é um livro melancólico que me fez chorar em silêncio enquanto eu lavava a louça. Fala sobre uma personagem que perdeu todas as pessoas da família e está sozinha no campus da faculdade durante as férias de inverno, já que não tem para onde ir, enquanto espera pelo reencontro com a única pessoa que lhe restou que a conhece desde pequena.

Num tom muito diferente, You Don’t Have a Shot é um romance Young Adult sobre duas meninas que jogam futebol pelos times das suas escolas e são rivais. Só que elas precisam capitanear um time juntas num acampamento de verão e a partir daí a relação delas vai mudando. Amei tudo nessa história, mas principalmente o fato de que a protagonista é uma adolescente irritante e cheia de preconceitos, muito egoísta (apesar de ter seus motivos para ser assim), e que passa por uma jornada de crescimento verdadeira. É muito bom quando autores têm a coragem de fazer personagens assim e nos mantêm interessados até o final.

O Trono de Jasmim foi lançado este ano no Brasil pela Galera Record, e eu fiquei tão feliz. Claro, reclamei da capa que passa um ar muito YA para uma história adulta (apesar de achar a capa brasileira linda, tá? Porque é mesmo), mas no geral fico animada agora que mais pessoas podem ter contato com essa trilogia. Em 2023, reli o primeiro livro e li The Oleander Sword, o segundo. A escrita da Tasha Suri continua riquíssima. Eu amo o sistema de magia dessa trilogia, o romance entre a Malini e a Priya e a forma como cada emoção é descrita. A autora tem um jeitinho de segurar nosso coração e apertar, sabe? Não faz muito tempo, escrevi uma thread recomendando esses livros e vou deixar aqui, caso alguém se interesse mais.

Legends & Lattes é outro queridinho e foi o responsável por popularizar o termo cozy fantasy por aí. Como é uma fantasia aconchegante, ele apresenta baixo risco, contando a história de uma orc que está tentando abrir uma cafeteria em uma cidade onde ninguém sabe o que é café. Apesar de ter uma construção de mundo um pouco bobinha em alguns sentidos, eu amei a vibe dessa história e os personagens, e ler esse livro passa a sensação de beber uma xícara de café quentinho. Estou animadíssima pelo que vem aí agora que a Intrínseca vai lançar o livro em português.

Love, Theoretically (ou Amor, Teoricamente, lançado pela Arqueiro) é o típico romance de Ali Hazelwood. E eu amo! Sei que ela vai diversificar um pouco nas histórias de agora em diante, mas nunca critiquei a diva por sempre lançar livros parecidíssimos com protagonistas espirituosas se apaixonando por homens com o tamanho de uma geladeira Electrolux duas portas. Isso de lançar versões da mesma coisa é muito comum no gênero, mas a Ali Hazelwood é criticada porque os dela andam fazendo muito sucesso agora e saindo um pouco da bolha que só lê romances. Seja como for, esses livros não falham em me trazer alegria, não importa o momento em que eu esteja.

O Priorado da Laranjeira tinha tudo para ser O Favorito do ano, só que eu li em janeiro e ainda não consegui comprar a outra metade (ainda me dói a Plataforma 21 ter dividido esse calhamaço em dois), então sinto que tive contato com uma história incompleta (porque foi isso o que aconteceu mesmo kk). Mesmo assim, esse é o tipo de fantasia que fez com que eu me apaixonasse pelo gênero, que é o meu favorito. Adoro os dragões, a descrição do mundo, os personagens complexos e a mitologia que abraça tudo. Também adorei a tradução e, enquanto lia, não queria que a história acabasse.

Por fim 6 Times We Almost Kissed (and One Time We Did), lançado no Brasil pela Outro Planeta como Seis vezes em que a gente quase ficou (e uma em que rolou) é um livro que abraçou meu coração de fanfiqueira do AO3. Ele traz muitos elementos das fanfics, inclusive o título, e o romance entre as duas protagonistas é de fazer a gente dar risadinhas. Mas se engana quem pensa que essa é uma leitura leve. O livro trata de temas pesados de luto, de lidar com o câncer e de relações parentais conturbadas. Acho que, em termos de tristeza, ele até se equipara a We Are Okay. E eu, como boa canceriana, amei sofrer. Queria ver mais gente falando sobre essa história, porque é um dos romances sáficos mais completos que já li.

Um apanhado geral das leituras

E é isso, acho que falei de quase tudo. Alguns livros ficaram de fora por não entrarem em nenhuma das categorias de que escolhi falar, mas não tem problema, a maioria está aqui. Ano que vem, espero compartilhar mais sobre as minhas leituras enquanto elas estão acontecendo — ou, pelo menos, cada vez que termino um livro novo. Às vezes bate a saudade da minha era booktuber e de me aprofundar na discussão sobre esses livros, mas sei que o máximo que consigo fazer hoje em dia é um tweet ou outro, talvez até um story no Instagram ou um vídeo curto no TikTok, mas não mais do que isso.

No geral, eu fiquei muito feliz com a quantidade de livros sáficos e livros nacionais que li este ano, acho que foi a minha maior conquista e realmente era algo que eu vinha buscando. Para 2024, espero dar conta de ler mais livros físicos, mas continuar lendo outros autores independentes da Amazon e também do Wattpad. Só não vou me propor a ler uma quantidade maior.

Enfim, espero que vocês tenham tido um bom ano de leituras em 2023 e que 2024 traga coisas ainda melhores.

Vem aí…

Janeiro será um mês sem newsletter porque estarei viajando por boa parte dele, e durante os outros dias vou focar em terminar de escrever As Novas Românticas. Mas em fevereiro volto a aparecer por aqui com novidades e mais história para contar.


Abraço e te vejo no futuro!

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